O Curriculo é uma teoria que parte de pressupostos sociológicos e psicológicos, que agrupa conteúdos, objectivos, estratégias que são postos em prática através de um plano curricular.
Conteúdo curricular identificar-se como o conjunto de conhecimentos (factos, conceitos, generalizações ou princípios) presentes num plano ou programa de ensino e, em regra, organizados em torno de áreas ou matérias disciplinares, sem excluir, no entanto, outros modos de estruturação; acrescente-se, ainda, que tais conteúdos culturais se têm de apresentar sob formas utilizáveis por professores e alunos, para efeitos do ensino. Alguns autores tendem a identificar “conteúdo curricular” com “experiencias de aprendizagem”, querendo significar a associação e interdependência de conteúdos disciplinares e processos de os tratar e aprender. Nesta acepção, os conteúdos curriculares, para se traduzirem em mudança significativa do repertório experiencial dos educandos, envolveriam o domínio de conteúdos programáticos e das operações mentais que sobre eles se podem exercer.
O que inclui, afinal, o currículo?
Inclui diferentes combinações das componentes anteriores ou, até, esse conjunto de componentes.
Programa é uma lista de matérias acompanhada de “instruções metodológicas” que eventualmente a justificam e dão indicações sobre o método ou sobre a abordagem que os seus autores julgam a melhor, ou a mais pertinente, para ensinar essas matérias (D’Hainaut, 1980).
O mesmo autor propõe que os programas compreendam uma lista de matérias, uma lista de actividades, de saber-fazer, de competências, de um saber-fazer que os alunos deveriam manifestar no final do ensino projectado.
O Programa Pedagógico deverá precisar objectivos susceptíveis de avaliação e especificar os critérios de avaliação.
É importante definir os objectivos de um programa para:
A teoria tem a função – sentido que lhe dá Kliebard (1985, p.226) – de representar os problemas curriculares e de os clarificar em termos de território:
“A teoria curricular, como qualquer outra teoria, tem a sua origem no pensamento, na curiosidade, na actividade e nos problemas humanos. Uma teoria não consiste em fazer abstracções estranhas, senão o que se procura é que nos sirva para compreender certas situações.”
Em consequência, a teoria curricular responde a uma série de questões (que se prendem directamente com a prática e com as diferentes perspectivas de as conceptualizar) e serve de modelo de representação do real que se pretende organizado e problematizado.
Qualquer teorização sobre o currículo tem que estar directamente ligada à prática curricular, apresentando propostas não só de a formalizar, explicar e interpretar, como também de resolver os problemas existentes.
Segundo Gimeno (1988, p.44) “as teorias curriculares convertem-se em diferentes abordagens das concepções sobre a realidade que abarcam e passam a ser formas, ainda que, de abordar os problemas práticos da educação.”
Kemmis (1988, p.134, citado por Pacheco, 1996, p.35) refere que a teoria técnica tradicional nos estudos curriculares, caracteriza-se “por um discurso científico, por uma organização burocrática e por uma acção tecnicista”.
No sentido mais alargado, o desenvolvimento curricular define-se como um processo dinâmico e continuo que engloba diferentes fases, desde a justificação do currículo até à sua avaliação e passando necessariamente pelos momentos de concepção, elaboração e de implementação.
No sentido mais restrito o desenvolvimento curricular identificar-se-ia apenas com a construção (isto é, o desenvolvimento) do plano curricular, tendo presente o contexto e justificação que o suportam, bem como as condições da sua execução. Seguir-se-ia, depois, a fase de implementação dos planos e programas na situação concreta de ensino e, concomitantemente, o processo de avaliação da respectiva execução. De acordo com tal acepção restrita, tende a acentuar-se a distinção e, por vezes, a dicotomia entre o currículo – considerado como plano de ensino-aprendizagem e o processo efectivo de ensino-aprendizagem.
Sendo defensável – e até legítima – tal distinção, a lógica do processo global de desenvolvimento curricular exige que se saliente a continuidade entre o plano curricular e a situação de ensino-aprendizagem em que aquele se concretiza. O currículo está permanentemente em desenvolvimento, consistindo num processo que se vai desenrolando por aproximações sucessivas que o esclarecem e enriquecem, segundo fases que remetem umas para as outras. Neste processo contínuo de momentos não necessariamente lineares mas circularmente interdependentes, pode, em princípio, partir-se de qualquer deles para analisar e desenvolver o processo curricular.
A origem do currículo como campo de estudo e investigação não é fruto de um interesse meramente académico mas de uma preocupação social e política por tratar e resolver necessidades e problemas educativos; é uma conveniência administrativa e não uma necessidade intelectual.
O campo curricular sempre foi alvo de atenção desde que surgiram os primeiros escritos sobre educação. Porém, como campo especializado de conhecimento educativo remonta ao século XIX, devido, em parte, à pressão que a sociedade industrial foi exercendo sobre a necessidade de a escolarização cumprir finalidades bem explícitas.
O termo currículo entra, assim,no vocabulário educacional a partir do momento em que a escolarização é transformada numa actividade organizada, em função de interesses sociais, culturais, económicos e políticos.
O conhecimento curricular constitui-se num corpo disciplinar próprio – aqui designado por “Teoria e Desenvolvimento Curricular” – que se situa no campo teórico e prático do conhecimento educativo.
Januário (1988, p.53) define do seguinte modo o campo teórico desta disciplina:
“A nossa posição é que a Teoria e Desenvolvimento Curricular engloba aspectos reflexivos e de ordem valorativa, oriundos da Filosofia da Educação, que analisam as decisões curriculares de projecto; abrange os trabalhos no âmbito da inovação pedagógica, que estudam os aspectos relativos à elaboração e construção de programas, e a sua difusão, implementação e adopção; e, finalmente, os aspectos explicativos e prescritivos de aplicação no quadro escolar, no tocante às questões do planeamento do Processo Ensino-Aprendizagem pelos professores.”
O objecto de estudo da Teoria e Desenvolvimento Curricular integra três dimensões principais teorias curriculares (técnica, prática e crítica); fundamentos ou bases para o planeamento curricular ao nível da análise da sociedade, do aluno, da cultura e da ideologia; contextos de decisão curricular (político/administrativo, de gestão e de realização).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Pacheco, J (1996). Currículo: Teoria e Práxis. Porto Editora
Ribeiro, A (1990). Desenvolvimento Curricular. Texto Editora